Em certa ocasião, na leitura da Carta aos Romanos, tive o despertar de curiosidade pela expressão paulina bom desejo. Logo, dei importância a questão: Quais são os bons desejos de Paulo? Em consequência, por meio de concordância bíblica, procurei descobrir passagens com o termo desejo na Bíblia Sagrada.
Sem demora, então, veja o resultado da pesquisa.
Aos cristãos da cidade de Filipos, Paulo disse o seguinte: “segundo a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergonhado” (Fp 1.20a).
Do texto bíblico em conta, é bom analisarmos de forma aplicada a dupla ardente expectativa e esperança.
Em primeiro lugar, no grego koinê, língua original do Novo Testamento, a expressão ardente expectativa (άποκαραδοκία, apokaradokía) quer dizer desejo veemente, anseio e expectativa intensa.
Segundo Moody, apokaradokía "literalmente significa olhar intensamente à distância com a cabeça estendida".
E, de acordo com Moody, "a expectativa do apóstolo era dupla: para que ele não fosse envergonhado e que Cristo fosse engrandecido no seu corpo".
Em segundo lugar, no idioma grego, a palavra para esperança é έλπίς (elpís). Significa: esperança, expectativa e confiança.
A partir dessa informação, você é levado a acreditar que o cristão deve ter o desejo de mãos dadas com a confiança.
A final de contas, é possível satisfazer bom desejo em desesperança, descrença e desconfiança? Por meio dessas três coisas, a meu ver, o homem é capaz de realizar apenas os maus desejos.
Outra vontade do apóstolo: visitar os irmãos de Roma. A saber, o objetivo da visita era espiritual: repartir dons (Rm 1.11).
O termo repartir tem sua origem na palavra grega μεταδίδωμι (metadidómi). Significa: impartir, dar e compartilhar.
O último significado de repartir está em moda hoje em dia. E, é claro, a prova disso são as redes sociais. Exemplo: no Facebook, textos, imagens e vídeos são compartilhados pelos usuários. Em seu tempo, a fim de fortalecer os irmãos, Paulo partilhava os dons do Espírito Santo.
Vale a pena você lembrar dos dons do Espírito de Deus. Os quais são distribuídos em três grupos.
1) Dons de saber: palavra da sabedoria, palavra do conhecimento e discernir espíritos. Revelam alguma coisa. Atuam na mente.
2) Dons de poder: fé, curar e operação de maravilhas. Fazem alguma coisa. Agem no corpo físico e nos elementos da natureza.
3) Dons de elocução verbal: profecia, interpretação de línguas e variedade de línguas. Dizem alguma coisa. Atuam no campo espiritual.
Em suma, o querer de cristão espiritual é compartilhar as coisas relativas ao Espírito de Cristo (dons espirituais) com os irmãos de fé.
Além disso, Paulo desejava a salvação dos judeus. “Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação” (Rm 10.1).
Da mesma maneira, George Muller tinha o anseio por salvação de almas.
Muller orou pela salvação de cinco amigos.
Meia década depois, um deles recebeu Jesus Cristo.
Dez anos mais tarde, mais dois amigos salvos.
Continuou orando por 25 anos e seu quarto amigo reconheceu Jesus como Senhor e Salvador.
George permaneceu pedindo a salvação do quinto amigo até a morte. Alguns meses após o falecimento de George Muller, converteu-se o seu quinto amigo.
A saber, há duas coisas presentes na vida de Paulo e de George: desejo e oração. Em primeira colocação: desejo. Em segundo lugar: oração. É a ordem das coisas na vida do homem que deseja a salvação de almas.
Além do mais, Paulo tinha vontade de estar com Cristo. Isto é o que você lê na Carta aos Filipenses 1.23: “Ora, de um e de outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.”
Se observar bem o versículo, você vai perceber que o apóstolo tinha em consideração a pessoa. Nos dias atuais, no entanto, o local é o motivador de alguns crentes para a mudança de lugar. Esta é a afirmação de crentes contemporâneos: “Eu quero ir para o céu.” Note-se que o Filho de Deus sequer faz parte do desejo dos que têm fé religiosa. Hoje em dia, quem quer estar com Cristo?
De volta ao versículo citado anteriormente, é bom dar destaque em a palavra partir. Segundo o comentarista bíblico Wiersbe, ''esse termo era usado pelos soldados e se referia a 'desarmar a tenda e prosseguir viagem'. Que retrato da morte do cristão! A 'tenda' em que vivemos é desarmada pela morte, e o espírito vai para o lar, viver com Cristo no céu (ver 2 Co 5:1-8).¹''
Diante do exposto até aqui, você conclui que o desejo de homem é para si mesmo e para as outras pessoas.
Logo, é normal ele falar dos desejos às pessoas. Esses textos bíblicos são revelações das vontades paulinas (não ser envergonhado em nada e engrandecer Jesus Cristo, manter relacionamento com os irmãos, salvação do seu povo e estar na companhia de Jesus).
Em síntese, a grande lição que se pode retirar dos desejos paulinos é relevar apenas os bons desejos aos seres humanos.
¹WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. Vol. II. Tradução: Susana E. Klassen. Santo André: Geográfica Editora, 2006. p.88.
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