O fruto do Espírito de nove gomos

Laranja

Há referência ao fruto do Espírito Santo como frutos do Espírito. No entanto, no texto bíblico o termo em questão não está no singular. Na verdade, trata-se de um fruto com nove gomos.

Fruto esse que se divide em três partes.

Primeira: de acordo com o nosso relacionamento com Deus (amor, alegria e paz).

Segunda: em conformidade com a nossa convivência com outras pessoas (longanimidade, benignidade e bondade).

Terceira: segundo o nosso trato com nós mesmos (mansidão, fidelidade e domínio próprio).

Veja, a seguir, cada um dos gomos do fruto espiritual.

Amor - o dom maior de Deus.

A expressão amor procede do termo grego αγάπη (agapē), que quer dizer amor, afeição e estima.

O Apóstolo Paulo escreveu acerca da natureza do amor na Primeira Carta aos Coríntios 13. É o capítulo do amor.

“O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Co 13.4-7).

Alegria - a força do amor.

O termo alegria vem do vocábulo grego χαρά (chara), o qual significa alegria, gozo e regozijo.

Segundo o autor do livro de Provérbios, o coração alegre aformoseia o rosto (Pv 15.13); o coração alegre é bom remédio (Pv 17.22).

Com alegria do Espírito Santo, a Igreja em Tessalônica recebeu a palavra em meio de muita tribulação (1 Ts 1.6).

“Tribulação não pode amortecer a verdadeira alegria do Espírito.” É a afirmação de Moody.

Paz - a segurança do amor.

O termo paz, em hebraico, שָׁלֹ֣ום (shalom), significa segurança, completude, perfeição, bem-estar, saúde e prosperidade.

Em grego, a palavra paz, εἰρήνη (eirēnē), quer dizer harmonia e tranquilidade.

Deus é de paz (1 Co 14.33). Jesus Cristo concede paz: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (Jo 14.27).

Longanimidade - a perseverança do amor.

O termo longanimidade vem do grego μακροθυμία (makrothumia), que significa paciência, clemência, indulgência, resignação e longanimidade.

Makrothumia é a junção de makros, longo, e de thumia, temperamento.

“A longanimidade é a qualidade de autodomínio em face da provocação que não retalia impetuosamente ou castiga prontamente; é o oposto da raiva, e está associado com a misericórdia, e é usado acerca de Deus (Êx 34.6, na Septuaginta; Rm 2.4; 1 Pe 3.20). A paciência é a qualidade que não se rende às circunstâncias ou sucumbe sob às provas: é o oposto do desalento e está associado com a esperança (1 Ts 1.3); não é usado acerca de Deus¹."

Benignidade - a conduta do amor.

A expressão benignidade procede do grego χρηστότης (chrēstotēs), que significa bondade e retidão: (a) no sentido do que é direito, reto (Rm 3.12, “bem”); (b) no sentido de generosidade de coração ou ato, dito acerca de Deus (Rm 2.4 ) e dito acerca dos crentes (2 Co 6.6).

“O crente que expressa este fruto espiritual é verdadeiramente um cavalheiro ou uma dama. Ele é naturalmente bom, honesto, de temperamento doce, ajudador e terno de sentimentos. Ele sempre procura ver os outros na melhor das intenções. Ao manifestar benignidade, o crente trata seus amigos da mesma maneira que Deus o tem tratado (Ef 4.32)².”

Bondade - o caráter do amor.

O vocábulo bondade vem da expressão grega άγαθωσύνη (agathōsunē). Significa bondade, retidão de coração e vida.

“O gomo do fruto do Espírito que denominamos bondade guarda estreita ligação com outra virtude: a benignidade, tornando-se, às vezes, dificultoso distinguir uma da outra. Mas, em geral, admite-se que a benignidade esteja mais ligada ao ser, enquanto a bondade se relaciona ao fazer. Assim, a bondade consiste na prática da benignidade. Por meio dela praticamos os atos altruístas e generosos a favor do próximo, o serviço que vai além da obrigação³.”

“A bondade de Deus é a raiz de toda bondade; e a nossa bondade, se temos alguma, origina-se em sua bondade” (William Tyndale).

Fidelidade - a confiança do amor.

A palavra fidelidade procede do grego πίστις (pistis), que quer dizer fé, confiança e compromisso. Como característica ou qualidade significa fidelidade, confiabilidade, lealdade e comprometido.

O Apóstolo Paulo disse na carta a Tito: “Quanto aos servos, que sejam, em tudo obedientes ao seu senhor dando-lhe motivo de satisfação; não sejam respondões, não furtem; pelo contrário, deem prova de toda fidelidade, a fim de ornarem, em todas as coisas, a doutrina de Deus, nosso Salvador” (Tt 2.9,10).

Mansidão - a humildade do amor.

O termo mansidão vem do grego πραΰτης (prautēs), que significa gentileza, humildade, cortesia, consideração e amabilidade.

“Mansidão é a marca registrada do homem dominado por Deus.” Citação de Geoffrey B. Wilson.

Jesus Cristo era manso. Ele mesmo disse o que segue: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt 11.28).

Domínio próprio - a vitória do amor.

A expressão domínio próprio procede do grego εγκράτεια (egkrateia). Quer dizer autodomínio, autocontrole e autocontenção. Egkrateia resulta da união de dois termos gregos: en (no âmbito da) e kratos (domínio, força, poder). Ou seja: autocontrole - que sai de dentro de si mesmo, mas não por si mesmo.

Depois de saber disso, no que se segue, dois provérbios bíblicos.

“Melhor é o longânimo do que o herói da guerra, e o que domina o seu espírito, do que o que toma uma cidade” (Pv 16.32).

“Como cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não tem domínio próprio” (Pv 25.28).

Pedro, o Grande, um dos maiores imperadores da Rússia, num acesso de cólera, golpeou o seu jardineiro, causando a morte dele alguns dias depois. "Que desgraça!", disse o imperador. "Conquistei outras nações, mas não consegui conquistar a mim mesmo."

Considerações finais

Diante dessas nove virtudes do Espírito Santo, faz-se a pergunta que vale um milhão de reais: como é gerado o fruto do Espírito de Deus? “O fruto do espírito é produzido pelo Espírito com a cooperação do crente, entregue a ação de Deus. Isso não acontece por um processo mecânico, automático nem rápido; é um processo lento, gradual e progressivo. A árvore precisa estar viva para produzir fruto⁴."


¹VINE, W.F.; UNGER, Merril F.; JÚNIOR, Willian White. Dicionário Vine. Tradução: Luís Aron de Macedo. Rio de Janeiro: Cpad, 2002. p 759.
²Diversos autores. 11ª Escola Bíblica de Obreiros de Passo Fundo: Avivamento. Passo Fundo: IEADPF/Ministério de Ensino, 2011. pp. 54.Apostila.
³GOMES, Geziel. Dicionário do Espírito Santo. Rio de Janeiro: Ed. Central Gospel, 2010. p. 56.
⁴Ibidem. p. 143.

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