[Entrevista] Missões evangélicas de Márcio Faveri

O Juliano de Matos fez entrevista, por e-mail, a Márcio Martins Faveri.

Da Assembleia de Deus em Passo Fundo, Márcio Faveri é missionário no Cabo Verde. Ele está na Ilha de Santiago, na cidade do Tarrafal, desde 15 de janeiro de 2015. Com a esposa Edinara e os filhos Adriel e Lídia (8 e 4 anos).

“O Pastor Donald e Neiva, que chegaram no Cabo Verde, em abril de 2014, sempre nos ajudaram muito, mesmo depois de serem transferidos para a cidade vizinha, Assomada” - destaca.

Veja, abaixo, as declarações sobre missões de Faveri.

Juliano de Matos – Por que deixaste familiares e trabalho no Brasil a fim de ir ao Cabo Verde pregar o Evangelho?

Missionário Márcio Faveri – "Esta pergunta já me fizeram muitas vezes. Sempre respondo que Deus precisou de nós aqui. É a nossa vocação. E, na verdade, é um grande privilégio. Quem não aceitaria um presente dado pelo próprio Deus?"

Juliano de Matos – Em 31 de março de 2016, no templo central, deste testemunho na pregação de que ofereceste teu filho a Deus como oferta missionária. Sonhavas com missões? Como surgiu esse sonho?

Missionário Márcio Faveri – "Sim. Quando apresentamos o Adriel, em abril de 2008, morávamos em Porto Alegre. Durante sete anos moramos na capital gaúcha. Trabalhamos com evangelização nos morros daquela cidade. Aprendi muito com os irmãos mais velhos sobre missão urbana, na prática.

Deus sempre falava com minha esposa e eu sobre missões fora do país. Sempre acompanhava as notícias dos missionários e sonhava em estar com eles.

Ao apresentar o Adriel como oferta missionária, em minha alma, eu estava dizendo: Senhor, eu acredito no chamado que Tu tens para nós!"

Juliano de Matos – Desde que estás no Cabo Verde, quais as experiências mais marcantes que tiveste até agora?

Missionário Márcio Faveri – "São muitas. Mas, jamais esqueço de que ficava deslumbrado ao ver aquele grupo de jovens, com Pr. Ângelo e obreiros que vieram conosco, em janeiro de 2015, trabalhando com tanta alegria com as crianças aqui. Foi maravilhoso! Escola para nós.

Outra experiência marcante foi a de batizar. Eu jamais havia batizado alguém. Foi uma experiência sem igual!

Deus tem salvado, curado e batizado no Espírito Santo! São experiências que ficarão para sempre em nossos corações."

Juliano de Matos – Por causa do trabalho missionário, existe ‘antes’ e ‘depois’ na tua vida cristã?

Missionário Márcio Faveri – "Com certeza. Quando você deixa um país tão rico e abençoado como o Brasil, você percebe que muitas vezes reclamamos de nossa nação, do que temos na mesa, de nossa família, dos irmãos da igreja. E, quando tudo isso é tirado de nós, você percebe o imenso valor que tinha. Estou mais grato por tudo que tenho. Louvo a Deus por dar esta oportunidade de minha família e eu sermos pessoas melhores. Como cristão, hoje, posso imaginar com mais propriedade o que os primeiros missionários passaram para levar a semente do Evangelho, como Paulo, Daniel Berg, Nils Taranger, João Maria Hermel, Otávio Marques…"

Juliano de Matos – Quais as tuas maiores alegrias e tristezas como missionário?

Missionário Márcio Faveri – "As minhas maiores alegrias têm sido ver meus irmãos trabalhando na obra do Mestre aqui, evangelizando, louvando, pregando… Não há alegria maior do que esta: ver um salvo dando frutos. A minha tristeza é quando vejo tantas pessoas em Cabo Verde enganadas pela idolatria. É triste mesmo."

Juliano de Matos – Quais são os desafios da obra missionária no Cabo Verde?

Missionário Márcio Faveri – "Um dos desafios que temos é a distância entre as comunidades que atendemos. Estamos pedindo a Deus um automóvel. Poderíamos ir mais longe.

Outro é o evangelismo com jovens. Aqui parecem não se importar com nada do que fale sobre Deus ou que pareça religioso.

Mais um: evangelização de adultos. Estes sim são religiosos, porém, presos aos ídolos.

Mas Glória a Deus.

Já vencemos o desafio de sermos reconhecidos como Igreja séria diante da sociedade tarrafalense. A Assembleia de Deus aqui tem sido uma porta de bênçãos para Tarrafal."

Juliano de Matos – Certa vez, li que Mateus 28 fala da grande comissão e que, hoje, se tornou uma grande omissão. Em tua opinião, é verdade que a Igreja (leia-se Igreja a nível mundial) está deixando de fazer missão?

Missionário Márcio Faveri – "Vejo com otimismo os esforços por missão que têm sido feitos ao redor do mundo. Penso que nunca foi feito tanto por missões como nos nossos dias. Mas, sim, ainda há muito para ser realizado."

Juliano de Matos – Segundo o que aprendemos nas aulas de missiologia, há três formas de fazermos missão: ir ao campo, contribuir financeiramente e interceder pelo missionário. Assim sendo, o bom andamento do trabalho depende do corpo da Igreja?

Missionário Márcio Faveri – "A missão deveria ser uma tarefa de toda a Igreja e não de apenas um grupo de pessoas. Elas acabam se desgastando sozinhas com uma carga tão grande sobre seus lombos. O IDE deveria ser algo entranhado no coração de cada membro. E todo integrante do corpo de Cristo seria missionário, divulgador, intercessor, mantenedor."

Juliano de Matos – A obra missionária na prática é igual ao que aprendemos acerca de missões nas salas de aula das igrejas?

Missionário Márcio Faveri – "Na prática as coisas sempre são diferentes. Mas, é importante estudar. Dizia um de meus pastores: Quem não senta para aprender, não pode levantar para ensinar!

As escolas missionárias são maravilhosas. Importantíssimas!

Minha sugestão é que aulas de música sejam ministradas nestas escolas, para que no mínimo os futuros missionários toquem um instrumento. Que estas escolas proporcionem, junto a Igreja, estágios de missão para os seus alunos."

Juliano de Matos – Já tens experiência como missionário. Hoje, então, quais conselhos darias a quem sonha com a obra de missões?

Missionário Márcio Faveri – "Meu Conselho aos irmãos que sonham em ser missionários é que se preparem, estudem. Envolvam-se em seu bairro na obra de Deus, em todos os departamentos da Igreja. Aprendam a tocar um instrumento e devorem a Bíblia. Ouçam os mais velhos, adquiram conhecimento com eles. Sejam cheio do Espírito Santo, obedeçam a sua liderança com humildade.

Sejam alunos fieis da Escola Bíblica Dominical.

E deixo uma pergunta, que ouvi já faz muito tempo: você conseguiria fazer missão com o que contribui à obra missionária?

Não desistam do sonho missionário e não deixem a oportunidade passar quando Deus disser: a quem enviarei e quem há de ir por nós? (Is 6.8)."

Agradecimento

"Sou grato aos meus familiares que tanto nos apoiam, mesmo distante.

E aos nossos queridos que contribuem com a obra missionária, que oram por nós e que divulgam esta obra.

Eu agradeço a Assembleia de Deus em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, por meio dos Pastores Ângelo Zanfir, Sandro Oliveira e João Maria Hermel; e Departamento de Missões Área Sul, Samuel Batista, Maximiliano, Vanderson e Juliana, Moacir e Márcia Zanfir. Têm sido bênção para nós aqui" - reconhece.

Colaboradora – Juliana de Matos.